Entrevista com... Rui Macedo

segunda-feira, 16 de março de 2009


Qual o nome e idade?
Rui Macedo, 33 anos.

Sempre praticou judo ou já praticou alguma outra modalidade?Sempre pratiquei judo, a minha modalidade principal foi sempre o judo desde pequenino, desde os 8 anos. A partir daí joguei futebol e tal, mas o meu desporto, em que eu era assíduo nos treinos, era o judo.

Como surgiu o interesse pelo judo?
Surgiu através de uma situação em que eu fui observar um treino, o meu primo treinava judo e eu participei, gostei e, a partir daí, entrei e nunca mais saí. Ingressei no judo e até agora fui sempre assíduo nos treinos e no judo em si.

Para um amador, o que é o judo?
O judo é uma arte marcial e um desporto olímpico, acima de tudo, um desporto de combate. É muito importante não só porque prepara o atleta a todos os níveis, físico, o corpo todo mesmo, mas também a mente, o seu autodomínio, o seu auto-controlo, a sua agilidade, a sua forma de lidar com as coisas do dia-a-dia. Eu acho o judo um grande desporto, um excelente desporto, toda a gente devia praticar.

A nível de escalões, como são os escalões no judo?
No judo existem vários escalões. Existe o infantil, que em termos técnicos tem outros nomes, chamam-se benjamins, infantis A, infantis B, porque há muitos escalões. O judo é um desporto de luta, logo as idades têm de ser muito separadas a rigor, porque as fases diferentes de crescimento, em termos do corpo, obedecem a parâmetros muito rígidos, e como existe luta corpo a corpo, tem que ser mesmo idades aproximadas. Assim, existem muitos escalões, praticamente de dois em dois anos existe um escalão. Depois chegando aos escalões mais avançados, aí já existe o júnior, sub-23, sénior, mas já são escalões em que não é obrigatório tanta divisão, porque já são idades adultas, já atingem várias idades.

A diferenciação por cores, como é que funciona?
Existe um cinto branco, que é para iniciado, depois existe um cinto amarelo, quando já se atinge um certo grau de conhecimento, existe o cinto laranja, pronto, também aos cintos mais baixos, mais básicos. Depois, a partir do cinto verde, os cintos já começam a ser mais graduados, verde e azul, castanho e preto, já são cintos para judocas que já têm algum tempo e já dominam um pouco a modalidade.

Aqui, a nível do Boavista, quantos praticantes existem no judo?
No judo, existem cerca de 60 praticantes, divididos em várias idades, sendo que os mais novos têm 4 anos e os mais velhos andam na idade aproximadamente, dos 20, porque o judo ainda não existe há muitos anos no Boavista, só à cerca de 5 anos. E tendo a continuação, daqui por uns anos haverá o escalão de sénior propriamente dito. Neste momento, vai até ao escalão de júnior, seniores ainda não existe.

E todos esses escalões fazem competição?
Nem todos. Nós fazemos competições, neste momento as competições são mais a nível associativo e de clubes e, a partir deste ano, vamos começar em campeonatos nacionais, porque há judocas que já atingiram algum nível técnico e quase de certeza vão ter apuramento nos regionais e, a partir daí, ficam logo apurados para os nacionais.

Portanto, o Boavista nunca participou em campeonatos nacionais?
Só uma vez, há dois anos, um judoca, o Bernardo Machado, participou nos nacionais na categoria de juvenil e teve uma boa prestação, não ficou nos primeiros lugar, mas teve uma boa prestação.

Quantas classes existem?
Neste momento, existem duas, mas pretendemos criar mais classes a curto prazo. O nosso objectivo era criar uma classe infantil, dos 4 aos 7, depois uma classe juvenil, que já até aos 11 anos, e depois a classe dos mais velhos subdividi-la também em dois grupos.

A nível de competição, como funciona a competição no judo?
A competição no judo funciona na mesma por escalões, por idades, e também por pesos. Neste caso, um judoca juvenil pode entrar nos -40kg e outro judoca da mesma idade no escalão de -60kg, portanto, o judo é sempre feito por pesos, um judoca com peso leve nunca poderá competir com um judoca mais pesado.

Num combate, como se define o vencedor?
Cada judoca tem um conjunto de técnicas adquiridas, que já sabe fazer, e entra no combate, o objectivo é derrubar o atleta, ou fazê-lo desistir por baixar de braços ou estrangulamento, ou ainda imobilizando o parceiro no chão durante 25segundos. Estas são as bases do judo. É claro que nem todos os judocas conseguem a pontuação máxima, depois existem outros pontos mais pequenos. No caso de fazer uma técnica em que não consegue derrubar o parceiro com toda a força, mas com alguma força, há uma vantagem mais baixa, se o judoca cai de uma forma tem outro tipo de pontos, é um bocado complexo. No final do combate, ganha o que conseguiu mais pontos ou aquele que conseguiu vencer pela vantagem máxima.

As condições de trabalho aqui no Bessa, como são?
Eu penso que as condições de trabalho aqui no Bessa são boas. Já passamos por uma fase um bocado complicada, em que tínhamos de treinar numa escola, mas isso já foi ultrapassado, agora já estamos aqui no ginásio, ainda estamos em evolução. Nós criamos agora uma secção de judo, que é organizada pelos próprios atletas das nossas aulas, e eles têm aproximadamente 14 anos, são dinâmicos e gostam de dar ideias para criar fundos e melhorar as condições. São eles que estão à frente disso e o nosso objectivo, neste momento, é ir melhorando aos bocados as condições de treino ao nível de material, porque neste momento o nosso ginásio tem um bom espaço.

A nível da divulgação da modalidade, como está a ser feito este trabalho aqui no Boavista?
Isso passa sempre um bocado pelo próprio treinador. Neste momento, a melhor divulgação é o trabalho que eu tenho feito durante muitos anos. Eu dou aulas em vários colégios e, quando as crianças atingem um certo nível, eu falo com os pais e tento trazê-las para cá. E 90% dos judocas que aqui estão são assim, há sempre um ou outro que vem porque ouve falar, mas o judo é um desporto que ainda não é universal. Já se ouve falar muito, mesmo porque temos grandes judocas agora a nível nacional, o caso da Telma Monteiro, o Nuno Delgado, o João Neto, e isso tem trazido o judo à televisão e tem ajudado bastante. As pessoas começam a ter interesse pelo judo e a procurar mais o judo, mas eu acho que passa sempre um bocado pelo trabalho directo com as crianças nas escolas. É muito difícil conseguir um grupo grande de atletas se não houver um envolvimento com os colégios e com as escolas. Claro que trabalho de divulgação no jornal, flyers, também é importante, mas acho que o principal mesmo é pegar nas crianças e dar-lhes um bocadinho de judo, experimentar o judo e fazê-las gostar para depois elas próprias quererem vir para o judo. A nível nacional, falou de diversas personagens muito conhecidas, Telma Monteiro, Nuno Delgado, João Neta, que tem tido inclusive excelentes prestações a nível mundial e olímpico.

Pensa que essas prestações e todo esse destaque tem contribuído, de facto, para que haja mais praticantes de judo?
Eu penso que sim. Eu penso que sim porque é a prova que o judo é um excelente desporto e que não só o facto de termos grandes judocas faz com que as pessoas sintam que é um desporto que está a ser bem leccionado cá em Portugal, bem dirigido pela Federação e até bem divulgado. Isso vinda às televisões, sendo falado, as pessoas têm curiosidade em saber qual é o desporto que está a tirar assim medalhas a nível mundial., o que em Portugal, infelizmente, não é muito normal. Há sempre possibilidade haver mais apoios para o judo, isso era importante, mas acho que essa parte da divulgação por esses grandes atletas já é um bom contributo.

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